O consumo desmedido de álcool no Brasil é um problema que afeta principalmente os jovens. De acordo com o professor de psiquiatria da Unifesp Ronaldo Laranjeira 40% do álcool comercializado no país é ingerido por pessoas entre os 18 e 29 anos. Os dados, colhidos a partir de uma amostragem com 3 mil pessoas, foram apresentados nessa terça-feira (24) na comissão especial criada na Câmara dos Deputados para discutir políticas de combate ao uso de bebidas alcoólicas.
No mesmo estudo, Laranjeira aponta que 6% do álcool vendido é ingerido por menores de 18 anos. “Isso leva a crer que 6% do lucro dessa indústria é ilegal porque decorre da venda de bebidas alcoólicas para menores. O que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente”, argumenta o psiquiatra.
Outro fator preocupante é a idade em que os jovens começam a beber. De acordo com Laranjeira, há cerca de 10 anos, a média era de 15 anos. Hoje, baixou para 13. “Podemos afirmar com convicção que o adolescente brasileiro está consumindo álcool com mais regularidade”, alerta.
Para a deputada Keiko Ota (PSB-SP), o uso abusivo da bebida pelos jovens preocupa principalmente porque gera efeitos irreversíveis. “O que a gente percebe é que os jovens estão perdendo suas vidas por causa do álcool”, aponta. O hebiatra (médico especialista em adolescentes) Valdir Craveiro corrobora a opinião da parlamentar. Ele lembra que 72% das mortes de adolescentes são evitáveis e estão associadas à violência e ao abuso de drogas e álcool.
Para Valdir Craveiro, esse consumo precoce gera sequelas difíceis de corrigir na vida adulta. “O uso da bebida tão cedo leva à busca pelo prazer imediato e também gera impulsividade. Além disso, a noção de que está em uma situação de risco também cai sensivelmente”, aponta.
Controle Social - Os especialistas defendem mais controle social em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. Dificultar a licença para abrir pontos de venda, controlar o horário e locais de consumo, além de regular a publicidade são medidas sugeridas para reduzir os danos que o álcool provoca nos brasileiros. Laranjeira também defende o aumento da tributação do produto. “Quanto mais caro é o álcool, menos se bebe”, argumenta.
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